Há quase 50 anos, no dia 29 de agosto de 1971, um exu dominava a televisão brasileira. Mãe Cacilda de Assis incorporava o Exu 7 da Lira no programa do Chacrinha, naquela época transmitido pela TV Tupi.
Mãe Cacilda e Seu 7 da Lira já eram celebridades no Rio de Janeiro, comandando uma gira famosa no bairro do Santíssimo, periferia da cidade. Dizem que chegou a reunir 20 mil aos sábados, embaladas por batuques, samba, Jovem Guarda e música clássica. Além de atrair milhares de pessoas anônimas, algumas celebridades também eram vistas nas consultas, como Pelé e Gretchen. Em 1972, o exu mais famoso do Brasil comandou o Bloco da Lira, que desfilou no Carnaval da Av. Rio Branco. O exu puxava o samba, composto por Mãe Cacilda e que ganhou o 3º lugar no concurso de sambas daquele ano.
Seu 7 foi um fenômeno pop dos anos 60 e 70!
Mas depois da aparição na tv as coisas começaram a mudar... era a época da Ditadura Militar, e o governo não gostou de ver um exu incorporado, bebendo marafo e fumando charuto, na casa das famílias de bem. Rolou uma verdadeira guerra na imprensa, com opiniões preconceituosas de todos os lados e até um suicídio foi atribuído à aparição de Mãe Cacilda. Depois disso, os canais tiveram que assinar um termo de autocensura e a ditadura, até então não muito preocupada com o que se fazia nos terreiros, começou a ficar de olho na Umbanda.
O terreiro de Mãe Cacilda fechou e ela não apareceu mais na televisão e nas revistas nos anos 1980. Ela faleceu em 2009, com 92 anos. Foi mais uma mulher de coragem, que do lado de um dos nossos compadres se tornou mais uma das grandes personagens da nossa religião.
__Referências:
Página Seu 7 da Lira no Facebook (https://www.facebook.com/seu7dalira)
Este post do historiador Luiz Antonio Simas (https://twitter.com/simas_luiz/status/1195743570759766016)
O fenômeno Seu Sete da lira, por Cristian Siqueira.
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