__Religião éum conceito político
Quando falamos em religião estamos usando um conceito ocidental e cristão. Parte do princípio que precisamos nos religar a Deus, que estaria distante.
Mas para os ameríndios, africanos e vários outros povos, essa ideia não faz sentido, porque as forças espirituais são parte da vida, do dia a dia - não há separação. A religião é parte de tudo o quefazemos e guia também a nossapostura dentro da política.
__Ancestralidade é política
Se nós cultuamos a terra e os elementos da natureza, precisamos da política. Temos que lutar por políticas públicas que preservem o meio-ambiente,os oceanos, as matas nativas -enfim, o mundo vivo!
E se cultuamos os caboclos, pretos-velhos e outros ancestrais, também precisamos lutar por políticas públicas que defendem os direitos dos descendentes, que sempre foram perseguidos e deixados de lado.
__A política tem queser descolonizadora
O Brasil tem quase 200 anos de Independência, mas ainda vivemos dentro de uma estrutura cultural que herdamos da colonização cristã-europeia.A ideia de que negros e indígenas são inferiores - e por consequência, tudo o que vem dessas culturas - ainda é muito presente na nossa sociedade.
O que afeta diretamentequem integra as religiosidades afro-ameríndias, é que são entendias como menos civilizadas e menos importantes do que as religiõesde origem cristã-europeia.
__Liberdade de crença é política
Durante muito tempo os cultos afro-ameríndios foram proibidos pela lei. Nas primeiras constituições do Brasil existiam artigos criados para impedir que as pessoas participassem de religiões que não fossem a católica.
Foi graças à Constituição de 1988 que aliberdade de culto ficou garantida.Ou seja: por meio de processos políticos.
Mas dentro do cenário conservador que estamos vivendo há alguns anos, não estamos seguros. Terreiros, templos e casas de rezas são queimados. Pessoas são agredidas pela sua fé. Precisamos de políticas públicas e de representação institucional para garantir nossos direitos constitucionais.
__Ocupar espaçosé um ato político
Como praticantes de religiões que foram perseguidas e apagadas, nós sofremos para ocupar espaços.E essa representatividade é importante, ainda mais num mundo que gira em torno da internet.
Precisamos ir onde as pessoas possam ver a nossa existência e fazer tudo isso reverberar. Temos que estar nas redes sociais, televisão, rádio, lives, escolas, carnaval. Mostrar que também estamos nesses espaços.
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